O Excepcionalismo Português

21.10.2018

Há o chamado “excepcionalismo americano”. E há o dito “excepcionalismo português”. O racismo e a xenofobia não existem. O colonialismo não deixou marcas. O machismo é invenção. O fascismo sumiu de um dia para o outro. O populismo não entra. Pois bem, para quem insiste na distracção, o caso da publicação das imagens de três detidos exibidos como troféus sem direitos é exemplar. Não é só o facto de terem sido publicadas por um grupo de polícias organizados, mas a avalanche de reacções que se lêem sobre elas: que quem defende os direitos dos presos “está a defender estes criminosos ou outros iguais a eles”, que foi “absolutamente inaceitável só porque não foi a tua mãezinha que foi espancada”, que “nenhum desses cabrões está a sangrar como era devido, é que não há um arranhão, nada”, que foi uma “pena que não os pudessem metralhar logo ali… evitava que os meus impostos ainda servissem para os alimentar”. Este autoritarismo que despreza direitos democráticos básicos está entre nós e tem raízes. Trabalhemos para que não tenha futuro.