A dificuldade em reconhecer o racismo e a xenofobia sistémicas em Portugal, a sua negação consciente ou inconsciente perante a realidade, desligando-a de uma história de colonialismo, opressão, e guerra, é a confirmação cabal da sua existência e enraizamento. E, já agora, como o PCP foi dizendo, não se combate o racismo e a xenofobia cedendo a manifestações racistas ou xenófobas.
Junta a Tua à Nossa Voz
O fim vaticinado ao PCP não é um diagnóstico, é um desejo. As notícias são manifestamente exageradas, embora se entenda a sofreguidão, tendo em conta o papel político que o PCP desempenha, o modo como enfrenta relações sociais de exploração vendidas como inevitáveis.
Há quem diga que está ultrapassado. Quem o diz normalmente reconhece a novidade da solução governativa actual, que se deve efectivamente ao primeiro passo dado pelo PCP com o desafio que lançou ao PS e a António Costa. Conseguiram-se avanços reais.
A vida (e a alegria, já agora) do PCP vê-se no seu trabalho de análise aprofundada, de corajosa intervenção diária, de proposta concreta, e também na camaradagem que se estende ao esforço unitário.
O PCP, que muitos amarram à ideologia ou a “velhas ideologias”, não é um partido ideológico, é o partido da classe trabalhadora em Portugal com quase um século de idade, de experiência e saber acumulados. Não foi criado em laboratório por uma elite. É e continuará a ser uma organização vital enquanto vivermos numa sociedade dividida contra si própria, em classes com interesses em choque, cerceando a liberdade, mantendo desigualdades, confinando a participação democrática, elitizando o acesso à educação e à cultura, alimentando guerras.
Esta luta precisa de ser reforçada, não esvaziada.
Pela Paz, Pelo Desarmamento
Alguns factos.
(1) No início da década de 1950, o Exército dos EUA dizimou um terço da população coreana que vivia no norte do país. A maior parte das cidades e das vilas dessa região (mas também do sul) foram completamente arrasadas, mantando e ferindo 2.5 milhões de civis. Leia-se o livro The Korean War do historiador Bruce Cumings (Universidade de Chicago) sobre a brutalidade desta guerra imperialista. O país ficou dividido em dois, com o sul ocupado com mais de trinta bases militares estado-unidenses e o norte militarizado. A reunificação e a paz continuam a ser um sonho de muitos coreanos, com avanços intermitentes, havendo propostas para a constituição de um país com dois sistemas, uma república confederal.
(2) Em 2003, durante a liderança do anterior Kim Jong-il, a República Popular Democrática da Coreia (RPDC, norte) saiu do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, assinado pela União Soviética (substituída pela Rússia depois de 1991), pelos EUA, pela República Popular da China, entre outros. Tem desenvolvido diversos testes nucleares desde 2006.
(3) Depois da devastação que impuseram à Coreia, os EUA continuam a arrogar-se o direito de ditar o que se passa na península. Sob o comando de Donald Trump, os EUA e a República da Coreia (RC, sul) têm desenvolvido exercícios militares e detonações junto à fronteira da RPDC (que respondeu disparando um míssil para o mar do Japão). A nível diplomático, Trump tem insistido com os governantes da RC que não vale a pena dialogar com a RPDC.
Ontem, no comício de encerramento da Festa do Avante! deste ano, Jerónimo de Sousa disse apenas isto, que é de uma clareza cristalina tendo em conta estes factos:
O imperialismo, nomeadamente o imperialismo norte-americano, é responsável por uma criminosa escalada de confrontação que, a não ser travada, conduzirá a Humanidade à catástrofe. Nunca terá sido tão importante como o é hoje, ampliar e fortalecer a luta pela paz e pelo desarmamento — a começar pela não proliferação e abolição das armas nucleares —, pelo cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, pelo respeito do direito à auto-determinação e da soberania dos povos.