Razões

08.07.2015

Há ainda quem resista à realidade, mas a realidade tem uma força própria, indesmentível.

Diz-se que Portugal não é a Grécia (tal como se disse que o BES estava sólido). Mas Portugal tem hoje uma das maiores dívidas públicas do mundo em percentagem do PIB e uma gigantesca dívida externa bruta que atinge 235% do PIB. A dívida pública em 2014, atingiu 130,2% do PIB, quando era de 68,9% em 2008.

A moeda única, sendo uma construção política, é sobretudo uma construção económica, baseada em relações capitalistas de dominação e exploração. Daí o sentido dos “ajustamentos” que são exigidos a países como a Grécia e Portugal para se manterem na Zona Euro — privatizações de empresas públicas lucrativas e estratégicas, postos de trabalho destruídos, generalização da precariedade laboral, reduções de salários e pensões, aumento de impostos sobre o trabalho, cortes nas prestações sociais, redução de serviços públicos prestados pelo Estado, emigração de trabalhadores qualificados. Quando um povo se atreve a dizer não a isto, acenam-lhe com a saída se não se conformar.

O PCP teve razão quando anteviu e alertou para as graves consequências da entrada de Portugal para a moeda única.

Tem razão agora quando afirma que é urgente preparar a saída do Euro, de modo cuidadoso, antes que alguém nos empurre.