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A Mão Estendida aos Católicos

02.11.2021

O colóquio Cem Anos de Partido Comunista Português, organizado pelo Instituto de História Contemporânea, decorre esta semana na Biblioteca de Alcântara. Participarei no último dia, sábado, dia 6, com uma comunicação intitulada “A Mão Estendida aos Católicos: O Passado e o Presente de uma Política do PCP”. Deixo o resumo:

Em Novembro de 1943, o III Congresso do Partido Comunista Português aprovou o Informe do Secretariado do Comité Central, redigido por Álvaro Cunhal, com o título “Unidade da Nação Portuguesa na Luta pelo Pão, pela Liberdade e pela Independência”. Uma parte deste documento era dedicada à “mão ‘estendida’ aos católicos”. Neste escrito encontramos a síntese de uma orientação de cariz político para a acção dos comunistas junto dos católicos e na relação com a Igreja Católica. Esta comunicação começa por analisar este texto que articula uma política, baseada numa posição assumida como sendo de princípio, que se manteve e foi desenvolvida ao longo das décadas seguintes. Na verdade, como Cunhal não deixa de assinalar, a expressão não era nova nem era sua. Já tinha aparecido no Manifesto do Comité Central de Dezembro de 1942, no qual se lia: “Estendemos lealmente a mão aos católicos, assegurando-lhes que não desejamos atingir a sua liberdade de crença e prática de culto, certos de que o amor pela justiça e solidariedade humana que dizem sentir os trará à luta contra os massacradores das nações livres, contra os opressores do nosso povo e coveiros da independência nacional.”

Procurarei enquadrar esta posição no seu tempo original, tendo em conta o papel da Igreja como instituição na estrutura do poder fascista, nomeadamente chamando atenção para as críticas a que foi sujeita por parte de sectores anti-fascistas anti-clericais e para algumas dificuldades no cumprimento desta orientação no interior do PCP. No entanto, para entender melhor a base teórica desta posição e a sua dimensão concreta assim como as incompreensões que criou e as convergências que permitiu, não é possível fechá-la nos anos 1940.

Vale a pena, por isso, fazer um breve historial do desenvolvimento desta política até ao presente, para o qual a colectânea de textos de Cunhal, Maria Alda Nogueira, Octávio Pato, entre outros, “Comunistas e Católicos: Um Passado de Cooperação, Um Futuro de Amizade e Acção Comum”, publicada em pleno processo revolucionário pelas Edições “Avante!”, tem especial relevância. A mão estendida desembocou na busca activa da unidade com católicos progressistas, procurando a sua colaboração com ou a adesão ao PCP.