Sessão de Solidariedade com os Povos do Médio Oriente

30.11.2019

A Credibilização dos Sindicatos

29.11.2019

O discurso sobre a suposta “descredibilização dos sindicatos” não é novo. É até muito velho e sabemos a quem tem servido, a quem serve. Os sindicatos que se assumem como sendo instrumentos da classe trabalhadora, que não são agremiações para fazer favores ao patronato, não estão descridibilizados — são descridibilizados, o que é bem diferente. Quando Karl Marx iniciou as suas actividades políticas, estavam a nascer sindicatos assim. O poder instituído defendia a continuação da exploração desenfreada. E a sua resposta foi, precisamente, a descridibilização e, em muitos casos, a ilegalização. Eram organizações que punham em causa a ordem social estabelecida, que queriam transformar a sociedade. Passa-se o mesmo hoje. Quem controla e mantém esta economia que descarta, espezinha, explora, que concentra a riqueza na mão de um pequeníssimo grupo, esta economia que mata, só tem receio de quem lhes faça frente de forma organizada. É possível que quem embarque neste discurso da “descredibilização dos sindicatos” não se aperceba que tal não fortalece estas organizações, mas é utilizado para as tentar enfraquecer. Trata-se também, muitas vezes, de uma observação baseada no desconhecimento ou, então, na ocultação de informação. Os sindicatos estão sempre em dificuldades numa sociedade em que o poder dominante não os valoriza (porque não valoriza os trabalhadores) e raramente os chama para um diálogo efectivo (porque, na prática, os coloca abaixo dos representantes do patronato). Quem esteja realmente empenhado em ver os sindicatos cumprir o seu papel de defesa dos interesses dos trabalhadores, nomeadamente da melhoria das suas condições de vida e trabalho, deve participar neles, dar do seu tempo, colocar-se ao serviço. O que é urgente é contribuir para a credibilização dos sindicatos, fomentar o trabalho de unidade entre dirigentes de diferentes sensibilidades sindicais, aumentar as massas de associados e a sua participação nas discussões e decisões, combater a fragmentação de sindicatos que retira força aos trabalhadores organizados, construir propostas que façam avançar os seus direitos, e mobilizá-los para as lutas que lhes dizem respeito e para a solidariedade com as reivindicações noutros sectores, no plano nacional e internacional. Gostava de ver uma fila imensa de gente disponível para este trabalho dedicado, diário, consequente, que nada tem a ver com fogachos ou iniciativas pontuais.

Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino 2019

25.11.2019

Tolerar ou Não Tolerar?

12.11.2019

Os libertários, vulgo liberais, gostam de citar David Boaz: "A diferença entre o libertarismo e o socialismo é que os libertários toleram a existência de uma comunidade socialista, mas os socialistas não podem tolerar uma comunidade libertária." Pode passar despercebido o facto de a frase não mencionar a questão central do estado e a sua natureza de classe. Os libertários toleram o que é inofensivo, o que não altera as relações sociais. Toleram uma comunidade socialista num estado capitalista, mas não podem tolerar um estado socialista (na verdade, como a história demostra, nem nada que se assemelhe a isso), que cria um contexto que muda o sentido do que é existir uma comunidade libertária.

Celebrações

10.11.2019

Cheguei ontem a casa ao fim de um longo dia de viagens. Liguei a televisão e estava a dar uma peça na RTP sobre o derrube do Muro de Berlim, na qual se dizia que a Alemanha tinha sido dividida entre os Aliados e a União Soviética. Assim: como se a União Soviética não tivesse feito parte dos Aliados da Segunda Guerra Mundial, como se não tivesse tido mais baixas do que os EUA e o Reino Unido combinados. Seguiram-se outras afirmações falsas e informações omitidas. Celebrar a queda do Muro de Berlim? Sim, se isso tivesse simbolizado um avanço, um progresso real na história da humanidade. Não foi isso que aconteceu. E os retrocessos sociais que se seguiram vêm acompanhados de uma descarada desinformação. O que valerá a pena celebrar de forma efusiva é o fim da ditadura de classe que sustenta o capitalismo.