Adriana

01.02.2018

Digamos que há coisas que correm numa família por mais estranhas que pareçam aos olhos toldados pela desatenção e às cabeças povoadas por ideias-feitas. No ano passado, morreu-me um tio muito próximo. Entre os objectos da casa onde ele vivia, descobri o cartão de militante do Partido Comunista Português da minha tia-avó, que o acolheu em Lisboa, sob um terço e alguns artigos de devoção mariana dela. Chamava-se Adriana. Era alentejana de Estremoz. Veio para Lisboa, onde trabalhou como empregada doméstica. Filiou-se no PCP em plena Revolução de Abril, antes da aprovação da Constituição. Era católica e comunista.