Levantamento Revolucionário

07.12.2014

É difícil ler o nome do autor do relatório que levou à proibição do livro de Alves Redol, Gaibéus, no Portugal de 1940. O seu nome importa pouco. Relevante é o seu discurso. Nele está inscrito de forma límpida a ideologia da ditadura fascista e do terrorismo dos capitalistas e grandes agrários que a constituía. O parecer dá a entender que a perigosidade dos revolucionários advém do facto de não serem “humildes [...] perante a brutalidade dos capatazes que os vigiam implacavelmente para que o seu suor se transforme copiosamente em lucro do patrão.” Segundo o texto, a personagem digna de aprovação é aquela que “abafa a sua revolta como um vencido incapaz de lutar contra o infortúnio e contra a desigualdade social existente.” Ontem como hoje, as revolucionárias e os revolucionários rejeitam a resignação face ao autoritarismo opressor dos amos. Levantam-se, dianteira das massas e do povo, encontrando na rebelião contra o silêncio imposto e a exploração humana uma força libertadora e transformadora que dite o avesso desse mundo para lhe dar outra realidade.